quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ecstasy não parece provocar danos cognitivos

Estudo contraria literatura sobre os efeitos nocivos da droga sintética. Investigadores pedem cautela
Investigadores financiados pelo Instituto Nacional para o Abuso de Drogas, organismo estatal norte-americano, defendem que as metodologias usadas para avaliar os efeitos nocivos do ecstasy no cérebro contêm falhas e garantem não ter encontrado qualquer diminuição cognitiva associada a esta droga. Reforçam contudo que os resultados não devem incentivar o consumo: "As pastilhas ilícitas podem ter contaminantes perigosos, o consumo não tem supervisão médica e em alguns casos de overdose as pessoas sofrem lesões graves e pode mesmo provocar a morte", disse em comunicado John Halpern, coordenador da investigação.
Os resultados publicados na revista "Addiction" contrariam a literatura existente. Desde 2009 que a investigação em torno das drogas ilícitas tem produzido resultados díspares. A polémica aumentou de volume quando um consultor científico do governo britânico, David Nutt, reformou a escala de risco para drogas lícitas e ilícitas, pondo tabaco e álcool à frente de ecstasy, canábis ou LSD. Sobre o ecstasy, Nutt - demitido pelo governo - afirmou "ser tão perigoso como andar a cavalo". Para chegar às novas conclusões, os investigadores dedicaram-se a eliminar aquilo que consideram ser os enviesamentos dos trabalhos anteriores. Defendem que, até aqui, os participantes nos estudos eram membros da subcultura rave, onde há privação de sono e de fluidos durante horas - "factores que produzem efeitos cognitivos prolongados". Eliminaram ainda participantes que tivessem consumido drogas ou álcool no dia do teste e seleccionaram cobaias que regularmente só consomem esta droga.

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