Serão as mulheres a obrigar o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi a responder pelos seus actos em tribunal, num processo que o poderá forçar a deixar o poder? Hoje foi também uma mulher, a juíza Cristina di Censo, que decidiu: o processo contra Berlusconi pelos crimes de abuso de poder e prática de sexo com uma prostituta menor vai-se iniciar a 6 de Abril, tal como foi pedido pelos procuradores de Milão.
A Itália, entretanto, já não é a mesma, antes e depois de ter rebentado o escândalo da "Ruby Roubacorações" - a bailarina de nigthclub, ou prostituta menor, convidada das festas desbragadas de Berlusconi na sua villa de Arcore, nos arredores de Milão, e com a qual o primeiro-ministro de 74 anos é acusado de ter tido relações sexuais. E de ter abusado do seu poder para forçar a polícia a libertar esta jovem de origem marroquina, cujo verdadeiro nome é Karima El Mahroug, quando ela foi detida sob acusação de furto, dizendo que era sobrinha do então Presidente egípcio, Hosni Mubarak.
No domingo, as mulheres italianas saíram à rua em mais de 200 cidades - há quem diga que foram 280 - para dizer que estão fartas de viver num país que parece um bordel. Armadas com um slogan que é o título de um livro do escritor Primo Levi que remete para os tempos da Resistência face à barbárie - naquela altura, do Holocausto ("Senão Agora, Quando?") - protestaram contra Berlusconi e contra o machismo que distorce a sociedade italiana.
"As mulheres em Itália são vistas apenas como objectos de desejo. Queremos um país com mais dignidade", disse Patrizia Rossi, uma professora reformada, uma das dezenas de milhares que participaram na manifestação de Milão, citada pela Reuters.
Itália, diz o jornal "The Guardian", citando números do Fórum Económico Mundial, tem um enorme fosso entre os géneros: fica em 74.º lugar, entre uma lista de 134 países - 33 posições abaixo do Cazaquistão, nota o jornal britânico. Menos de metade das mulheres têm um emprego e a ideia de que não devem trabalhar fora de casa depois de terem filhos é comum.
As mulheres pediram a demissão de Berlusconi, levaram cartazes em que se via a cara do primeiro-ministro atrás das grades. E Berlusconi reagiu mal ao protesto feminino: "É uma manifestação facciosa, uma vergonha!"
Tentou ainda a via da lisonja: "As mulheres sabem bem a consideração que tenho por elas. Sempre me comportei com grande consideração e respeito nos meus confrontos com elas, nos meus negócios e no Governo. Tento sempre encontrar uma maneira de as mulheres se sentirem especiais", disse o primeiro-ministro.
Este caso, no entanto, é algo mais do que guerra dos sexos. A vida política italiana ficou paralisada pelo escândalo sexual que deixou os italianos presos aos ecrãs - das televisões e dos computadores - e às páginas dos jornais e revistas, para conhecer os pormenores sórdidos das festas do primeiro-ministro.
O resultado, dizia ontem o jornal "Corriere della Sera", é que a actividade parlamentar está reduzida ao mínimo: desde o início do ano, só foi produzida uma única lei pelas duas câmaras. E os conselhos de ministros estão a ser cada vez mais breves: o último durou cinco minutos.
É neste cenário que, na sexta-feira, no encontro semanal do primeiro-ministro com o Presidente da República, Giorgio Napolitano acenou com a possibilidade da dissolução do Parlamento e convocação de eleições antecipadas - se Berlusconi não travar o choque institucional com os juízes.
Gianfranco Fini, ex-aliado transformado em inimigo político, presidente da Câmara Baixa do Parlamento, incentivou-a demitir-se dizendo que se que demitiria também.
Esse era o tema político do dia ontem na imprensa italiana, embora Berlusconi garanta que Napolitano não dará tal passo - e que, mesmo que o fizesse, teria de consultá-lo, como primeiro-ministro. "Para mandar-me para casa, tenho de estar de acordo."
Mas o escândalo tem feito mossas. Uma sondagem publicada ontem pelo jornal "La Repubblica" dava conta de que apenas 30 por cento dos eleitores apoia Berlusconi - o mínimo, desde Setembro de 2005. A sua popularidade caiu cinco pontos nos últimos dois meses, e 12 em relação a Junho. Hoje, o primeiro-ministro é apenas o décimo líder político italiano mais popular.
A Itália, entretanto, já não é a mesma, antes e depois de ter rebentado o escândalo da "Ruby Roubacorações" - a bailarina de nigthclub, ou prostituta menor, convidada das festas desbragadas de Berlusconi na sua villa de Arcore, nos arredores de Milão, e com a qual o primeiro-ministro de 74 anos é acusado de ter tido relações sexuais. E de ter abusado do seu poder para forçar a polícia a libertar esta jovem de origem marroquina, cujo verdadeiro nome é Karima El Mahroug, quando ela foi detida sob acusação de furto, dizendo que era sobrinha do então Presidente egípcio, Hosni Mubarak.
No domingo, as mulheres italianas saíram à rua em mais de 200 cidades - há quem diga que foram 280 - para dizer que estão fartas de viver num país que parece um bordel. Armadas com um slogan que é o título de um livro do escritor Primo Levi que remete para os tempos da Resistência face à barbárie - naquela altura, do Holocausto ("Senão Agora, Quando?") - protestaram contra Berlusconi e contra o machismo que distorce a sociedade italiana.
"As mulheres em Itália são vistas apenas como objectos de desejo. Queremos um país com mais dignidade", disse Patrizia Rossi, uma professora reformada, uma das dezenas de milhares que participaram na manifestação de Milão, citada pela Reuters.
Itália, diz o jornal "The Guardian", citando números do Fórum Económico Mundial, tem um enorme fosso entre os géneros: fica em 74.º lugar, entre uma lista de 134 países - 33 posições abaixo do Cazaquistão, nota o jornal britânico. Menos de metade das mulheres têm um emprego e a ideia de que não devem trabalhar fora de casa depois de terem filhos é comum.
As mulheres pediram a demissão de Berlusconi, levaram cartazes em que se via a cara do primeiro-ministro atrás das grades. E Berlusconi reagiu mal ao protesto feminino: "É uma manifestação facciosa, uma vergonha!"
Tentou ainda a via da lisonja: "As mulheres sabem bem a consideração que tenho por elas. Sempre me comportei com grande consideração e respeito nos meus confrontos com elas, nos meus negócios e no Governo. Tento sempre encontrar uma maneira de as mulheres se sentirem especiais", disse o primeiro-ministro.
Este caso, no entanto, é algo mais do que guerra dos sexos. A vida política italiana ficou paralisada pelo escândalo sexual que deixou os italianos presos aos ecrãs - das televisões e dos computadores - e às páginas dos jornais e revistas, para conhecer os pormenores sórdidos das festas do primeiro-ministro.
O resultado, dizia ontem o jornal "Corriere della Sera", é que a actividade parlamentar está reduzida ao mínimo: desde o início do ano, só foi produzida uma única lei pelas duas câmaras. E os conselhos de ministros estão a ser cada vez mais breves: o último durou cinco minutos.
É neste cenário que, na sexta-feira, no encontro semanal do primeiro-ministro com o Presidente da República, Giorgio Napolitano acenou com a possibilidade da dissolução do Parlamento e convocação de eleições antecipadas - se Berlusconi não travar o choque institucional com os juízes.
Gianfranco Fini, ex-aliado transformado em inimigo político, presidente da Câmara Baixa do Parlamento, incentivou-a demitir-se dizendo que se que demitiria também.
Esse era o tema político do dia ontem na imprensa italiana, embora Berlusconi garanta que Napolitano não dará tal passo - e que, mesmo que o fizesse, teria de consultá-lo, como primeiro-ministro. "Para mandar-me para casa, tenho de estar de acordo."
Mas o escândalo tem feito mossas. Uma sondagem publicada ontem pelo jornal "La Repubblica" dava conta de que apenas 30 por cento dos eleitores apoia Berlusconi - o mínimo, desde Setembro de 2005. A sua popularidade caiu cinco pontos nos últimos dois meses, e 12 em relação a Junho. Hoje, o primeiro-ministro é apenas o décimo líder político italiano mais popular.
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