Sementes com um sabor dos diabos
O café é uma semente que nasce de um arbusto (mede entre dois e cinco metros) chamado cafeeiro e que, antes de tratada e torrada, se assemelha bastante àquelas bagas que em criança disparávamos à força de um sopro, quais índios da Amazónia, nos tubos de PVC. Do ponto de vista botânico, muito haveria a dizer sobre a planta de onde se colhe o café, mas o que realmente interessa saber é que existem cerca de 103 espécies diferentes de cafeeiros, daí as bicas que bebe terem sabores tão diferentes.
O café é uma semente que nasce de um arbusto (mede entre dois e cinco metros) chamado cafeeiro e que, antes de tratada e torrada, se assemelha bastante àquelas bagas que em criança disparávamos à força de um sopro, quais índios da Amazónia, nos tubos de PVC. Do ponto de vista botânico, muito haveria a dizer sobre a planta de onde se colhe o café, mas o que realmente interessa saber é que existem cerca de 103 espécies diferentes de cafeeiros, daí as bicas que bebe terem sabores tão diferentes.
História (muito) abreviada do café
Não há certezas quanto a datas, mas terá sido por volta de 800 d.C. que o café terá sido descoberto para o mundo, na Etiópia, onde algumas tribos usavam as sementes de cafeeiro (misturadas com tudo e mais alguma coisa) como suplemento energético. Daí terá passado para a Arábia, onde em 1000 d.C. alguém descobriu que o café podia ser torrado e bebido. À custa das invasões e das guerras, a moda espalhou-se pelo mundo e hoje não dispensamos uma bela de uma bica na esplanada.
Não há certezas quanto a datas, mas terá sido por volta de 800 d.C. que o café terá sido descoberto para o mundo, na Etiópia, onde algumas tribos usavam as sementes de cafeeiro (misturadas com tudo e mais alguma coisa) como suplemento energético. Daí terá passado para a Arábia, onde em 1000 d.C. alguém descobriu que o café podia ser torrado e bebido. À custa das invasões e das guerras, a moda espalhou-se pelo mundo e hoje não dispensamos uma bela de uma bica na esplanada.
Mundo de café
O cafeeiro desenvolve-se em regiões com temperaturas médias anuais na ordem dos 20oC, onde sol e chuva dividem irmãmente as condições climáticas, tornando os solos ricos e porosos. Ou seja, as plantações de café concentram-se exclusivamente nas zonas tropicais do planeta Terra. O Brasil está no topo da lista dos maiores produtores, com uma média de 22,5 milhões de sacos (de 60 kg) de café produzidos por ano, seguido da Colômbia (10,5 milhões) e Indonésia (6,7 milhões).
Mestre da cafeína
O segredo de uma boa bica está não só na qualidade do café como na temperatura da máquina e na forma como se tira. Portugal tem um dos melhores profissionais na área. Em Outubro de 2010, Rui Pereira Gomes, um barista leiriense de 30 anos (na altura chefe de sala do Hotel Eurosol Leiria), venceu o Campeonato Nacional de Baristas entre dez participantes, na rapidez, perícia e perfeição na extracção do melhor expresso. Um mês depois esteve em Barcelona, no Campeonato Barista entre Andorra, Espanha e Portugal, e ganhou o prémio do Melhor Expresso.
O cafeeiro desenvolve-se em regiões com temperaturas médias anuais na ordem dos 20oC, onde sol e chuva dividem irmãmente as condições climáticas, tornando os solos ricos e porosos. Ou seja, as plantações de café concentram-se exclusivamente nas zonas tropicais do planeta Terra. O Brasil está no topo da lista dos maiores produtores, com uma média de 22,5 milhões de sacos (de 60 kg) de café produzidos por ano, seguido da Colômbia (10,5 milhões) e Indonésia (6,7 milhões).
Mestre da cafeína
O segredo de uma boa bica está não só na qualidade do café como na temperatura da máquina e na forma como se tira. Portugal tem um dos melhores profissionais na área. Em Outubro de 2010, Rui Pereira Gomes, um barista leiriense de 30 anos (na altura chefe de sala do Hotel Eurosol Leiria), venceu o Campeonato Nacional de Baristas entre dez participantes, na rapidez, perícia e perfeição na extracção do melhor expresso. Um mês depois esteve em Barcelona, no Campeonato Barista entre Andorra, Espanha e Portugal, e ganhou o prémio do Melhor Expresso.
Um italiano em Lisboa
Em Portugal bebe-se bom café, graças ao italiano Antonio Marrare, o mesmo que inventou o Bife à Marrare. A história foi contada aqui no i pelo editor de opinião António Mendes Nunes: “Até ao início do século XIX o que se bebia era uma mixórdia composta por alguns grãos de café misturados com tremoço, fava, feijão e grão-de-bico bichado. Foi Marrare quem, no célebre Marrare do Polimento, ao Chiado, primeiro serviu café puro, em chávenas de porcelana e bandejas com cafeteira, açucareiro e colheres, tudo em prata.”
O cimbalino
Os lisboetas pedem uma bica (porque a máquina tem uma espécie de bica, de onde sai o café), os portistas um cimbalino. E porquê? Porque no Porto um dos primeiros cafés a tirar expressos, o Âncora de Ouro, em 1957, tinha uma máquina da marca italiana La Cimbali. Para distinguir café de máquina do de saco, os clientes que queriam expressos começaram a pedir cimbalinos, uma tradição que se manteve até aos dias de hoje.
A bica mais cara do mundo
Uma bica do Kopi Luwak produzido na Indonésia pode custar 60 euros. Porquê? É feita com grãos de café que passaram pelo sistema digestivo da civeta (um mamífero carnívoro), onde uma enzima reduz o sabor amargo dos grãos de café e o torna mais aromático e doce. Os grãos são apanhados das fezes e os bichos só conseguem expelir cerca de 230 kg por ano.
Café terapêutico
O café está ao nível de produtos polémicos como o azeite: um ano é a melhor gordura do mundo, no outro seguinte alguém descobre que faz muito mal ao coração. Recentemente, um grupo de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra descobriu que a ingestão de doses moderadas de café diminuía a incidência de doenças ligadas ao cérebro, como o Alzheimer, por exemplo.
Instituto Cafeeiro Português
Apesar de não sermos um país produtor de café, temos um papel determinante nesta indústria. Não porque o bebemos quase todos os dias a seguir às refeições, mas porque Portugal tem em Oeiras, desde 1955, o único centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro do Mundo, onde se estuda as doenças que afectam a planta do café (como a ferrugem amarela e a antracnose dos frutos verdes) e que criou 90% das espécies resistentes de cafeeiros que são plantadas por todo o planeta.
Um abatanado, se faz favor
Os portugueses são especialistas a tirar e pedir bicas. Entre os pedidos clássicos estão a bica em chávena escaldada (com o vapor da máquina), o café pingado (com umas gotas de leite), o café com cheirinho (com uns pingos generosos de aguardente ou bagaço), o carioca (um café mais fraco, que normalmente é tirado aproveitando as borras do último café tirado), o garoto (um café pingado com mais leite) e o misterioso abatanado, que mais não é do que um expresso longo servido em chávena de meia de leite.
Em Portugal bebe-se bom café, graças ao italiano Antonio Marrare, o mesmo que inventou o Bife à Marrare. A história foi contada aqui no i pelo editor de opinião António Mendes Nunes: “Até ao início do século XIX o que se bebia era uma mixórdia composta por alguns grãos de café misturados com tremoço, fava, feijão e grão-de-bico bichado. Foi Marrare quem, no célebre Marrare do Polimento, ao Chiado, primeiro serviu café puro, em chávenas de porcelana e bandejas com cafeteira, açucareiro e colheres, tudo em prata.”
O cimbalino
Os lisboetas pedem uma bica (porque a máquina tem uma espécie de bica, de onde sai o café), os portistas um cimbalino. E porquê? Porque no Porto um dos primeiros cafés a tirar expressos, o Âncora de Ouro, em 1957, tinha uma máquina da marca italiana La Cimbali. Para distinguir café de máquina do de saco, os clientes que queriam expressos começaram a pedir cimbalinos, uma tradição que se manteve até aos dias de hoje.
A bica mais cara do mundo
Uma bica do Kopi Luwak produzido na Indonésia pode custar 60 euros. Porquê? É feita com grãos de café que passaram pelo sistema digestivo da civeta (um mamífero carnívoro), onde uma enzima reduz o sabor amargo dos grãos de café e o torna mais aromático e doce. Os grãos são apanhados das fezes e os bichos só conseguem expelir cerca de 230 kg por ano.
Café terapêutico
O café está ao nível de produtos polémicos como o azeite: um ano é a melhor gordura do mundo, no outro seguinte alguém descobre que faz muito mal ao coração. Recentemente, um grupo de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra descobriu que a ingestão de doses moderadas de café diminuía a incidência de doenças ligadas ao cérebro, como o Alzheimer, por exemplo.
Instituto Cafeeiro Português
Apesar de não sermos um país produtor de café, temos um papel determinante nesta indústria. Não porque o bebemos quase todos os dias a seguir às refeições, mas porque Portugal tem em Oeiras, desde 1955, o único centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro do Mundo, onde se estuda as doenças que afectam a planta do café (como a ferrugem amarela e a antracnose dos frutos verdes) e que criou 90% das espécies resistentes de cafeeiros que são plantadas por todo o planeta.
Um abatanado, se faz favor
Os portugueses são especialistas a tirar e pedir bicas. Entre os pedidos clássicos estão a bica em chávena escaldada (com o vapor da máquina), o café pingado (com umas gotas de leite), o café com cheirinho (com uns pingos generosos de aguardente ou bagaço), o carioca (um café mais fraco, que normalmente é tirado aproveitando as borras do último café tirado), o garoto (um café pingado com mais leite) e o misterioso abatanado, que mais não é do que um expresso longo servido em chávena de meia de leite.
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